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Clube de assinatura dá oportunidade para afro-empreendedores periféricos

Não por acaso Bruno Brígida e Débora Luz, ambos de 32 anos, se conheceram em uma feira empreendedora. Na época, eles já pensavam em fundar um negócio que se alinhasse com seus valores e desse mais visibilidade para empreendedores negros, mas não sabiam exatamente o quê. Em 2016, após receberem algumas cervejas artesanais de um clube de assinatura, tiveram a ideia de usar o mesmo formato de empreendimento para alcançar o objetivo.

No ano seguinte, o casal lançou o Clube da Preta, clube de assinatura que reúne produtos de moda e beleza da literatura produzidos por afro-empreendedores entregues mensalmente na casa dos assinantes de forma personalizada. Neste ano, bateram a meta de R$ 1 milhão em produtos adquiridos de 600 empreendedores de todo o Brasil (que são colocados nas caixas do clube) e mantiveram o faturamento em R$ 80 mil por mês.

Bruno Brígida nasceu em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Para complementar a renda familiar, seus pais vendiam salgados e doces, o que acabou sendo o seu primeiro contato com o empreendedorismo. Apesar disso, inicialmente seus planos eram outros, e ele se formou em jornalismo e administração. Em ambas as carreiras, porém, Brígida se viu desiludida com o mercado corporativo e, desde 2014, já sonhava em abrir o próprio negócio.

Com o empreendedorismo em mente, ele começou a frequentar eventos ligados ao tema paralelamente ao seu trabalho da época. “Sempre que tinha uma oportunidade de aprender eu ia. Fui a muitas feiras e conheci diversos empreendedores que me deram muitas dicas”, conta. Neste período, conheceu Débora Luz, influenciadora digital que, desde 2013, tem um canal no Youtube onde fala sobre beleza e cuidados para cabelos negros. Assim como ele, Luz tinha o sonho de empreender neste segmento.

Desde de a adolescência, Brígida tem interesse pela cultura afro-brasileira e conhece há anos a Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Contudo, só em 2016, decidiu participar de um programa dentro do evento, o Afrolab, onde teve contato com diversos negócios de impacto social.

“Me identifiquei com a possibilidade de empreender impulsionando pequenos negócios com potencial, mas sem oportunidades no mercado. A princípio, pensei em criar um marketplace focado em empreendedores negros e periféricos, mas depois de ter a ideia do clube, abandonei a primeira opção”, explica Brígida.

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Após compartilhar a ideia com Luz, ela topou embarcar no projeto, e ambos ficaram um ano desenvolvendo o empreendimento antes de tirá-lo do papel. Com um investimento inicial de R$ 3.000, o casal desenvolveu a plataforma, fez pesquisas de mercado, mapeou empreendedores e, no começo de 2017, lançou o negócio. O primeiro ano não foi fácil, o clube ainda era pouco conhecido e não tinha muitos assinantes. Para solucionar o problema, os empreendedores decidiram investir nas redes sociais e no relacionamento com influenciadores — o que deu muito certo devido ao contato que Débora já tinha com algumas personalidades.

Com o crescimento do Clube da Preta, o casal contratou colaboradores e alugou um espaço para funcionar como escritório e estoque. Ao mesmo tempo, muitos empreendedores começaram a procurar o clube, pelo site ou pelas redes sociais. Hoje, a empresa conta com 700 fornecedores de regiões periféricas de diversos estados do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. A equipe é formada por seis pessoas, que atuam nas áreas de marketing, operações, tecnologia e atendimento.

O Clube da Preta funciona a partir de seleção e compra de produtos por Brígida e Luz. O casal organiza os itens nos pacotes disponíveis e personalizados para cada cliente. O faturamento da empresa vem de uma porcentagem sobre esses produtos. O valor médio recebido por cada fornecedor é de R$ 1.800.

Para tornar os pacotes mais individualizados, os assinantes respondem a algumas perguntas sobre o seu estilo pelo site. Há três planos: o básico, que disponibiliza camisetas e regatas mensalmente; o intermediário, que além das camisas contém um livro e um acessório — com frequência mensal ou anual, e o mais completo que dá direito a livro, camisa, vestido ou calça e acessório. O clube conta hoje com mais de 200 assinantes fixos e já vendeu mais de 25 mil produtos.

Assim como muitos empreendimentos, o Clube da Preta teve que se reinventar durante a pandemia. Para sobreviver, eles começaram a fazer kits especiais para empresas e chegaram a colaborar com gigantes, como o Facebook Brasil que distribuiu alguns dos produtos entre os seus colaboradores. Ademais, os empreendedores começaram a fazer vendas avulsas, fora do Clube. Para o futuro, eles pretendem manter as inovações e expandir cada vez mais o empreendimento e dar mais visibilidade para pequenos empreendedores.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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