Com o aumento da taxa básica de juros, a renda fixa voltou a atrair a atenção dos investidores brasileiros. A Selic, que começou o ano em 2%, chegou ao patamar de 9,25% na última reunião do ano, o maior valor desde 2017.
Em meio a esse novo cenário, o que fazer com os investimentos? É hora de mudar da renda variável para renda fixa?
Para Gabriel Mallet, Head de Renda Fixa da Vitreo, a melhor estratégia é a diversificação. “Não é ideal colocar todos os ovos na mesma cesta. É preciso diversificar a carteira tanto nos indexadores como IPCA, CDI e Prefixado, quanto nos prazos escolhidos, sempre de acordo com perfil e objetivo do investidor”, diz ele.
“Em relação à renda variável, também depende muito do perfil de cada um. Mas, na minha visão, a bolsa hoje está muito barata. Não só no sentido de uma rentabilidade elevada, mas como composição de patrimônio. Investimentos na bolsa devem ser tratados como aplicações de longo prazo: só assim você tem, de fato, uma carteira coesa.”
Para o momento, Mallet afirma que o ideal é investir uma parcela em CDI, aproveitando essas constantes altas, e em títulos atrelados à inflação.
Se um investidor aplica R$ 10 mil em um produto de renda fixa pós-fixada com rentabilidade de 100% do CDI, por exemplo, ele terá uma rentabilidade de 9,25% ao ano ou de 0,73% ao mês. Por se tratar de um produto pós-fixado, esse percentual pode variar de acordo com a movimentação da taxa de juros.
“A gente pode ter uma Selic chegando em 12% no ano que vem, então, esse rendimento pode aumentar ainda mais”, diz Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial Investimentos.
Há também a possibilidade de arrefecimento da inflação, o que aumenta a possibilidade de um ganho real expressivo na renda fixa pós-fixada em 2022.
“O que o investidor deve ficar de olho é na busca por opções de investimento que tenham rendimento acima de 100% do CDI na liquidez diária”, diz Wis.
Para quem pretende deixar o dinheiro investido por mais tempo, Wis explica que o mercado já oferece produtos com CDI de 115% até 120% para a alocação de capital de até 12 meses.
Se o investidor precisa de títulos com vencimentos mais curtos, é melhor seguir nos prefixados, cujas taxas são mais atraentes.
Além da renda fixa, Wis diz que para o investidor mais arrojado, uma opção a ser considerada é a classe de fundos multimercado.
“Esses produtos têm como alvo entregar um rendimento acima do CDI, ao mesmo tempo em que contam com risco muito menor do que o investimento direto em ações na bolsa de valores”, diz.
Por falar em bolsa de valores, o investidor que está atrelado a uma ação não deve liquidar suas posições somente por conta do aumento da Selic.
De acordo com os especialistas buscados pelo CNN Brasil Business, o olhar deve ser a longo prazo e o investidor, que já tem um perfil de risco mais agressivo, deve considerar que o ano que vem é um ano de alta volatilidade.
“O investidor deve evitar colocar a totalidade de seus investimentos em operações de mais risco por conta das eleições do ano que vem”, diz Marília Fontes, sócia-fundadora da consultoria Nord Research.
A especialista diz que para os investidores que aceitam um risco moderado, o ideal pode ser separar um percentual de 40% dos investimentos em renda fixa e o restante em renda variável.
Já para os mais conservadores, o percentual fica em uma divisão de 90% para renda fixa e 10% para renda variável.
Em contrapartida, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, argumenta que a proteção diante das instabilidades é quase impossível.
Para ele, qualquer que seja a opção do investidor, há um risco, principalmente nesse momento em que a economia mundial ainda não se recuperou de quase dois anos de pandemia.
“Não é possível prever o futuro. Convivemos com o presente, e ele costuma nos surpreender, principalmente em momentos de volatilidade”, diz. “Cada um tem que traçar a sua estratégia dentro do que acredita e, acima de tudo, de acordo com sua tolerância ao risco. As possibilidades são várias.”
Fonte: CNN
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