Pequenos comércios sempre tiveram uma vantagem sobre os grandes: o poder de interagir melhor com seus clientes. E as vendas por WhatsApp trazem essa característica, antes do mundo físico, para as vendas online.
Quando Beatriz de Lemos foi para Londres passar uma temporada trabalhando na área de gastronomia, em que é formada, conseguiu manter seu negócio em São Paulo funcionando. A jovem empreendedora fundou o Pudim da Bia quando ainda era estudante e passou a vender pudins gourmet de forma online para complementar a renda.
Bastou um aplicativo para que ela continuasse atendendo seus clientes e coordenando seus funcionários de produção e entrega lá do outro lado do Atlântico como se estivesse aqui: o WhatsApp.
O caso de Bia não é especial. O WhatsApp é usado por, pelo menos, 160 milhões de brasileiros e está se tornando cada vez mais um ambiente de negócios – e a pandemia só acelerou este processo. Uma pesquisa da consultoria em tecnologia Accenture revelou que 83% dos brasileiros em 2020 usaram o aplicativo para comprar produtos ou contratar serviços, o maior número na América Latina. No México, segundo maior país da região, o número é bem menor: 53%.
Por aqui, mais da metade dos consumidores afirmaram fazer compras pelo aplicativo pelo menos uma vez por semana. Entre as pequenas e médias empresas, 81% afirmam que o uso do WhatsApp contribui para o crescimento do negócio, segundo pesquisa da Morning Consult.
A plataforma de Mark Zuckerberg percebeu o seu potencial como ambiente de negócios há um bom tempo. Afinal, são 2 bilhões de usuários ativos no mundo, um prato cheio para toda e qualquer empresa que busca clientes – e esse número só não é maior porque a China, com sua população gigantesca, tem o WeChat, que o governo impôs no lugar do nosso verdinho preferido.
Em 2018, a companhia investiu de vez no uso do seu aplicativo como ambiente de negócios: lançou o WhatsApp Business, uma versão voltada só para empresas. Por ali, dá para criar catálogos de produtos com fotos, descrição e preço, programar mensagens e personalizar etiquetas para organização, entre outras funções. Desde então, a empresa vem apostando cada vez mais na funcionalidade e adicionando recursos. No ano passado, inaugurou a função de “carrinho” para os compradores juntarem suas escolhas num único pedido.
Uma última novidade veio para consolidar o app como um grande marketplace: o WhatsApp Pay. Após o Banco Central autorizar transferências monetárias pelo aplicativo em março deste ano, a funcionalidade começou a ser adicionada para os usuários em maio. Por meio de um cartão autorizado, será possível enviar quantias de dinheiro para contatos no próprio aplicativo. (Por enquanto, só dá para fazer transação de pessoa física para pessoa física; espera-se que o pagamento de pessoas para empresas seja aprovado ainda este ano.)
Não dá para prever o futuro, mas tudo indica que a função deve se tornar cotidiana para milhões de brasileiros. O WhatsApp Pay, até agora, só funciona na Índia, onde ainda não decolou totalmente – mas, na China, um serviço similar existe já há algum tempo no WeChat e, em 2019, atingiu a incrível marca de 1 bilhão de transações por dia. Nas grandes metrópoles, 92% dos chineses usam o WeChat Pay ou o Alipay (da Alibaba) como principal ferramenta para pagamentos.
Vendendo no zap-commerce
A simplicidade e praticidade do WhatsApp podem ser atrativas para os consumidores e microempresários, é verdade, mas é preciso cuidado para o tiro não sair pela culatra. O diferencial do aplicativo é exatamente oferecer um atendimento personalizado e individual. Se o cliente não encontra isso, pode sair insatisfeito.
“O primeiro cuidado é na percepção de como o seu cliente utiliza o WhatsApp”, explica Juliana Segallio, consultora de negócios do Sebrae-SP. “Tem muito cliente que não gosta de receber mensagens automáticas de listas de transmissão.”
Outra dica indispensável: agilidade. Quando o cliente procura atendimento pelo aplicativo, automaticamente associa aquilo a uma conversa com uma pessoa real, em tempo real. Demorar para responder é receita para o desagrado.
Outro fator que alavanca as vendas é a importância de ter uma loja física, mesmo que não seja para atender a maioria dos clientes ali. Segundo Trezub, da Omnichat, as empresas que apostavam em vendedores em loja para atender os clientes por Whats tinham melhores taxas de conversão – porque os funcionários podiam tirar fotos dos produtos nas prateleiras, por exemplo, criando aquela sensação de “dar uma olhadinha”, que os Mercados Livres e Amazons da vida não proporcionam. Ver o produto “ao vivo” dá uma ideia de proximidade maior, ainda que a interação seja pela câmera de um celular.
O comércio via WhatsApp pode ter crescido aceleradamente por causa da Covid-19 – mas tudo indica que ele veio para ficar. E o desafio de fato para quem quer ganhar dinheiro nessa área é balancear a informalidade tão valorizada no zap com o profissionalismo necessário para manter um bom negócio.
Fonte: https://vocesa.abril.com.br/empreendedorismo/como-vender-pelo-whatsapp/
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