O ano não está sendo fácil para quem investe em fundos imobiliários (FIIs). O IFIX, índice de referência de fundos imobiliários na Bolsa, apresenta queda de cerca de 11% neste ano, e a trajetória de alta da taxa básica de juros (Selic) deve continuar a afetar esse resultado.
Mas, para quem mira o longo prazo e pretende usufruir a renda mensal que os FIIs oferecem, pode estar surgindo uma oportunidade.
De acordo com analistas ouvidos pelo CNN Brasil Business, mesmo com a queda recente, esses fundos imobiliários estão se tornando atrativos novamente.
A razão é que, com a desvalorização das cotas, o dividend yield (que é o valor do dividendo pago mensalmente dividido pelo preço da cota) deve chegar a casa dos dois dígitos em alguns casos. Portanto, quem gosta dos FIIs pela renda mensal livre de impostos que eles pagam pode observar essa compra.
“A gente já vê os ativos negociando com preços descolados e com dividend yield, ou seja, aquilo que os FIIs pagam de dividendos em relação à cota, muito interessante”, disse Bruno Benassi, analista da casa de análises Levante.
Segundo Benassi, o investidor que possui um perfil de risco maior pode, inclusive, aumentar a exposição aos FIIs depois de, obviamente, estudar os melhores ativos e buscar uma renda mensal livre de Imposto de Renda, algo que a renda fixa normalmente não oferece.
“Quem tem um perfil mais arrojado pode até aumentar um pouco a posição. Acho que faz sentido. Os FIIs continuam a oferecer bons ativos imobiliários, facilidade e liquidez, então, eu não acho que é só porque a renda fixa chegou nos dois dígitos que você deve deixar essa classe de lado”, afirmou.
Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, os FIIs ainda chamam a atenção, principalmente em uma estratégia de longo prazo.
“Acho que pensando mais para longo prazo, comprar FIIs relacionados a shoppings pode ser uma boa. Ou, se você quer uma segurança pensando em renda, vale muito a pena entrar em fundos de recebíveis, chamados de fundo de papel, que continuam super bem”, disse.
Já os FIIs de galpões logísticos, que surfaram uma onda positiva durante a pandemia de Covid-19, continuam performando razoavelmente bem, enquanto os de lajes corporativas ainda sofrem os efeitos do home office.
“Os galpões logísticos também surfaram bem, com os e-commerces, demandando estrutura. Já em relação aos de lajes corporativas, o investidor tem que tomar muito cuidado para ter certeza de que o fundo está com um ativo bom e que ele não ficará vago”, afirmou.
Por que os fundos imobiliários estão caindo tanto?
Segundo Komura, da Ouro Preto Investimentos, a queda recente do IFIX está ligada à piora do cenário macroeconômico brasileiro, com a expectativa da inflação em alta.
“Consequentemente, o Banco Central terá que subir a taxa básica de juros . Quanto mais alta a taxa de juros, menos atrativo o mercado imobiliário, pois quando você aumenta a Selic, você diminui a capacidade de financiamento dos compradores e também acaba freando o setor imobiliário como um todo”, disse.
Portanto, com a expectativa de que a Selic chegue a dois dígitos ainda neste ano, a renda fixa volta a ser atrativa, fazendo com que os investidores pessoas físicas, maioria no mercado de FIIs, optem por produtos como CDBs e LCIs/LCAs, por exemplo.
“O investidor pessoa física, que é o principal tomador desse papel, ao contrário de ações, que tem investidores estrangeiros, institucionais, etc., vem migrando para a renda fixa. Então, essa talvez é a principal razão prática da queda”, disse Benassi.
Fonte: CNN
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