Alta de juros na zona do euro e cenário doméstico brasileiro ajudam no enfraquecimento da moeda norte-americana
O dólar caía 0,40%, cotado a R$ 5,185, por volta das 10h15 desta sexta-feira (9), seguindo um desempenho fraco no exterior após a mais recente alta de juros na zona do euro e com o real beneficiado por um fluxo de entrada de investimentos em meio a um cenário econômico doméstico positivo.
No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,63%, aos 111.708 pontos, beneficiado por uma alta generalizada nas ações que compõem o índice, apoiadas em um fluxo favorável de investimentos. Com mais peso no índice, papéis de bancos sobem, assim como os ligados a commodities, que seguem as valorizações nos preços do petróleo e do minério de ferro.
Na véspera, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa de depósito da zona do euro, a mais importante taxa de juros do grupo, em 0,75 ponto percentual, para 0,75%. A magnitude foi a maior desde que o euro passou a circular, e o mercado interpretou as sinalizações da autarquia como duras no combate à inflação, ajudando a moeda em relação ao dólar.
No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto teve deflação de 0,36%, a segunda consecutiva. Com isso, o índice acumula alta de 8,73% em 12 meses. O quadro inflacionário mais positivo, combinado com a perspectiva da proximidade do fim do ciclo de juros e ativos descontados, torna o mercado brasileiro mais atraente para investidores estrangeiros.
O Banco Central realizará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de outubro de 2022.
Na quinta-feira (8), o dólar teve queda de 0,63%, a R$ 5,20. Já o Ibovespa teve alta de 0,14%, aos 109.915,64 pontos.
Sentimento global
A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, o que impacta a demanda do país por commodities.
Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, apoiada nas perspectivas positivas para as commodities, um cenário econômico doméstico mais forte e uma redução da percepção de riscos em relação às eleições. O cenário, entretanto, pode mudar dependendo do grau de aversão a riscos no exterior.
Fonte: CNN Brasil
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