A inflação subiu 0,87% em agosto em relação a julho, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, a maior alta desde o ano 2000. O indicador foi pressionado principalmente pelos preços dos combustíveis. Em 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 9,68%.
Analistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,71% no mês e avanço de 9,50% em 12 meses. O resultado no intervalo de um ano é o maior desde fevereiro de 2016, quando o índice chegou a 10,36%.
Os dados mostram que a inflação em 12 meses continua acelerando e permanece bem acima do teto da meta estabelecida para o ano pelo Banco Central, de 5,25%.
Alta da gasolina de 31% em 12 meses
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito subiram em agosto. O destaque foi o grupo de Transportes, com a maior alta de preços.
Puxado pelos combustíveis, o segmento registrou a maior variação (1,46%) e o maior impacto (0,31 p.p.) no índice geral.
A gasolina subiu 2,80% e o etanol teve alta de 4,50%. O gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.
— O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final — disse o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.
No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol de 40,75% e o diesel de 28,02%.
Perspectivas
A perspectiva, segundo analistas, é de piora do indicador. Isso porque há pressões de oferta e demanda que impactam os preços, além do encarecimento do dólar.
O agravamento das condições hidrológicas no país tende a manter os custos de energia elétrica elevados, ao passo em que a seca afeta a produção de alimentos e faz subir os preços da alimentação no domicílio.
Pelo lado da demanda, o avanço da vacinação e a gradual retomada da economia com diminuição das medidas de restrição à mobilidade social tendem a fazer a inflação de serviços subir.
Além disso, com a tensão política após as manifestações com pautas antidemocráticas no Sete de Setembro, o dólar tende a subir ainda mais, pressionando os preços, especialmente insumos importados. O dólar fechou em R$ 5,32 na quarta-feira e o real é a moeda que mais de desvaloriza no mundo.
Se as projeções dos analistas para a inflação – com estimativas já perto de 8% para o ano – se concretizarem, o país registrará a maior inflação anual desde 2015, quando chegou a 10,67% e fechou 4,16 pontos percentuais acima do teto da meta inflacionária fixada pelo BC. Naquela ocasião, o Brasil passava por uma recessão econômica.
Fonte: Extra
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