O mercado financeiro elevou novamente a estimativa para inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2021 e em 2022. Os economistas também passaram a prever uma alta maior dos juros e um crescimento menor da economia no próximo ano.
As previsões constam do relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (8) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a expectativa do mercado para este ano subiu de 9,17% para 9,33%. Foi a trigésima primeira semana seguida de aumento.
O centro da meta de inflação em 2021 é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado já está acima do dobro da meta central de inflação (7,5%).
Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,55% para 4,63% a estimativa de inflação. Foi a 16ª alta seguida. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Com isso, a estimativa se aproxima mais do teto do sistema de metas.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.
Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Produto Interno Bruto
Além de uma alta maior na inflação, o mercado financeiro também baixou a previsão de crescimento do PIB deste ano, que passou de 4,94% para 4,93%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Para 2022, o mercado reduziu a previsão de alta do PIB de 1,20% para 1%. No começo deste ano, a previsão dos analistas era de uma alta de 2,5% para a economia no próximo ano. A expectativa começou a ser revisada para baixo somente em setembro.
Taxa de juros
O mercado financeiro também manteve em 9,25% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas do mercado financeiro subiram a expectativa para a taxa Selic de 10,25% para 11% ao ano, o que pressupõe alta maior do juro básico da economia no próximo ano.
A previsão do mercado de alta maior nos juros acontece após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto em outubro flexibilizar o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior).
Guedes tem dito que as mudanças no teto de gastos têm por objetivo ampliar a proteção social, por meio do Auxílio Brasil, mas analistas têm apontado que seria possível incrementar o programa sem estourar o limite para despesas. E apontam que as emendas parlamentares seriam um dos destinos dos recursos extras.
Em outubro, o BC elevou a taxa Selic para 7,75% ao ano. Foi a sexta elevação seguida. Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa subiu para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Em agosto, a taxa subiu para 5,25% ao ano e, em setembro, foi elevada para 6,25% ao ano.
Outras estimativas
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2021 permaneceu em R$ 5,50. Para o fim de 2022, ficou estável também em R$ 5,50 por dólar.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2021 subiu de US$ 70,10 bilhões para US$ 70,25 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado permaneceu em US$ 63 bilhões de superávit.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano permaneceu em US$ 50 bilhões. Para 2022, a estimativa ficou estável em US$ 60 bilhões.
Fonte: G1
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