Quase 90% das empresas do país aceleram seus projetos de transformação digital em 2020; cerca de 50% começaram seus empreendimentos há menos de um ano
A empresa de eventos Red Streaming, da empresária Ana Luísa Tomé, ia super bem no mercado, com tendência de crescimento, mas o que ela não poderia prever é que, em março de 2020, uma pandemia obrigaria o país a se retrair e suspender todos os eventos presenciais. Mas, a empresária de 35 anos se reinventou e a Red Streaming foi a primeira empresa do país a oferecer eventos on-line.
“Primeiro a gente chorou. Quando a pandemia começou eu estava na Europa e fomos ver as bandas de lá fazendo lives. Quando voltei fiz a quarentena e depois já estava fazendo live”, lembra.
Hoje, a empresa de Ana Luísa se especializou em fazer eventos corporativos on-line e híbridos. “Com a pandemia nós fomos aprendendo. No começo foi muito difícil, mas agora é gratificante. O que a gente mais fez foi observar a nossa volta. A pandemia afetou todo mundo, independente de ter contraído o vírus ou não”, avalia. A empreendedora acredita que o formato veio para ficar. “Esse passo que demos para frente não vamos dar para trás. O formato on-line é mais barato e permite que as empresas façam eventos para públicos maiores”, explica.
Ana Luísa não foi a única a migrar para o digital. Assim como a empresa dela, 87,5% das empresas brasileiras aceleraram seus projetos de transformação digital em 2020, segundo o Índice de Transformação Digital Dell Technologies 2020. E, de acordo com os especialistas, este é um caminho sem volta. “Todos conseguiram ver o poder do digital, mais especificamente na venda. No pós-pandemia vamos ter vários canais e o digital é um canal de visibilidade, o alcance é muito maior”, explica o professor Leonardo Carvalho, coordenador dos MBA’s em Gerenciamento Ágil de Projetos e Gestão de Negócios na Faculdade Newton Paiva.
Novas empresas
A pandemia forçou não só as empresas que já existiam a se adaptar, mas também impulsionou o surgimento de várias outras. De acordo com a pesquisa Panorama de Negócios Digitais Brasil 2020, promovida pela Spark Hero, 54% dos empreendedores digitais começaram seus negócios há menos de um ano.
No ano passado, o crescimento foi tão grande que fez o levantamento apontar 2020 como o ano do empreendedorismo digital. “Toda vez que a gente tem uma grande crise, as pessoas tendem a perder os empregos formais, o comércio fechou, vários setores da economia tiveram uma diminuição e a retomada econômica se dá pelos empreendedores. Antigamente as pessoas iam para a rua vender, hoje a internet propicia um alcance maior mesmo em uma situação de mobilidade reduzida”, explica Thiago Nascimento, coordenador do Mestrado Profissional em Gestão Estratégica de Organizações, do Centro Universitário IESB.
Este foi exatamente o caso de Agatha Santos Camelo, 20 anos, que viu no Instagram uma possibilidade de vender seus artesanatos. “Achei o meio mais acessível pra poder divulgar o meu trabalho, principalmente agora que as feirinhas de artesanato estão mais paradas, as pessoas costumam ver mais as redes sociais. Eu comecei a fazer arte há muito tempo, mas peguei firme nesse período de pandemia mesmo. Não é algo que comecei a fazer só pra me dar uma renda extra nesse momento, mas algo que eu acredito como direcionamento de vida mesmo”, explica. Ágatha usa o Instagram para vender porcelana fria, esculturas de Orixás, incensários, cinzeiros, quadros, brincos, colares, além de grafite e algumas pinturas comerciais.
Fonte: Correio Braziliense
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