Elevação esperada da taxa básica de juros de 7,75% para 9,25% na reunião do Copom que começa hoje vai alterar o cálculo de rentabilidade da caderneta
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira, dia 7, a última reunião do ano para ditar os rumos da Selic. A expectativa consensual de analistas é que seja anunciado amanhã um aumento de 1,5 ponto porcentual na taxa básica de juros. Ou seja, a taxa deve sair do patamar de 7,75% para 9,25% ao ano.
Caso o prognóstico seja confirmado, uma das mais tradicionais aplicações do brasileiro, a poupança, passará por mudanças em seu cálculo de rendimento.
Quando a Selic fica acima de 8,5% ao ano – nível que não é superado desde setembro de 2017 –, depósitos feitos na caderneta depois de 2012 voltam a ter remuneração de 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR), hoje zerada.
Quando os juros estão abaixo de 8,5% ao ano, como tem sido o caso desde setembro de 2017, os recursos depositados na poupança rendem o equivalente a 70% da Selic, acrescidos da TR (igualmente zerada neste momento).
Em termos práticos e já fazendo os cálculos: com a Selic igual ou acima de 8,5% ao ano, o rendimento anual da caderneta de poupança será de 6,17% ao ano, acrescido da TR.
Atualmente com a Selic em 7,75% ao ano, o rendimento anual da poupança é de 5,43% em 12 meses para novas aplicações. Para efeito de comparação, a inflação ao consumidor medida pelo IPCA ficou em 10,67% nos 12 meses encerrados em outubro. Ou seja, quem tem dinheiro na poupança está perdendo poder de compra.
A poupança passa a valer a pena?
Apesar da ligeira melhora do rendimento, especialistas explicam que isso não torna a caderneta de poupança mais vantajosa do que aplicações de renda fixa, como títulos do Tesouro Selic, CDBs e até fundos DI.
Veja abaixo a simulação sobre o rendimento de aplicações de renda fixa com a Selic a 9,25% ao ano — patamar provável a partir desta quarta-feira, dia 8.
No cálculo foi considerada uma aplicação de R$ 1.000 e a taxa da curva de juros vigente no dia da publicação desta matéria (a curva de juros muda diariamente). Os valores da simulação já descontam o Imposto de renda, cobrado em todas as aplicações, exceto na poupança, que é isenta.
Prazo | Poupança | CDB de grandes bancos que pagam 90% do CDI | CDB de bancos médios que pagam 110% do CDI | Fundo DI com taxa de administração de 0,5% | Tesouro Selic (aplicações menores do que R$ 10 mil) |
6 meses | R$ 1.034,26 | R$ 1.036,61 | R$ 1.046,55 | R$ 1.038,74 | R$ 1.039,67 |
12 meses | R$ 1.069,70 | R$ 1.081,50 | R$ 1.104,14 | R$ 1.086,56 | R$ 1.088,56 |
18 meses | R$ 1.106,35 | R$ 1.128,34 | R$ 1.164,90 | R$ 1.136,46 | R$ 1.139,69 |
24 meses | R$ 1.144,26 | R$ 1.177,37 | R$ 1.229,21 | R$ 1.188,69 | R$ 1.193,33 |
30 meses | R$ 1.183,46 | R$ 1.223,40 | R$ 1.290,30 | R$ 1.237,80 | R$ 1.243,84 |
Como mostra a simulação, em qualquer prazo, a poupança é menos vantajosa do que qualquer aplicação financeira.
Isso acontece porque a alta da Selic não impacta somente a rentabilidade da poupança mas também a de outros ativos pós-fixados atrelados ao CDI e à taxa básica de juros, explica Arley Matos da Silva Junior, analista de investimentos do Santander. “A rentabilidade da poupança fica limitada a 0,50% ao mês mais a TR, enquanto os produtos pós-fixados atrelados à Selic e ao CDI irão acompanhar o movimento dos juros futuro.”
Fonte: Exame
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