O mercado de venture capital no Brasil segue aquecido em 2021 e as startups brasileiras tiveram o melhor semestre da história. Somente nos primeiros seis meses deste ano, o valor de aportes recebidos por startups do país já ultrapassa em 40% o total investido em todo o ano de 2020. Até o momento, foram 5,2 bilhões de dólares recebidos, frente aos 3,5 bilhões de reais captados no ano passado. Os dados são do mais recente relatório Inside Venture Capital, do hub de inovação aberta Distrito.
De janeiro a junho, foram feitos 339 aportes em startups. O volume captado nesses deals (5,2 bilhões de dólares) é também três vezes superior ao montante captado no mesmo período do ano passado — cerca de 3 bilhões de dólares.
Na lista dos segmentos em destaque e que receberam o maior volume de investimentos no mês de junho, lideram as fintechs, com 1,5 bilhões de dólares recebidos em 15 rodadas de investimento, e as hrtechs, da área de recursos humanos, com 220,6 milhões de dólares recebidos em três rodadas de investimento.
No acumulado do semestre, porém, as startups de real estate, do setor imobiliário, ocupam o segundo lugar da lista, logo atrás das fintechs, com 829,4 milhões de dólares e 2,4 bilhões de dólares, consecutivamente.
O que chama a atenção, porém, são os setores de educação e saúde que, apesar de não receberem volume tão grande de capital, tiveram o maior número de rodadas de captação no semestre, superando as fintechs e startups de real estate. “Acreditamos que, além do varejo, esses setores são muito ricos e vão se consolidar como áreas extremamente inovadoras”, disse Gustavo Gierun, cofundador do Distrito, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 7.
Aporte no Nubank
Mais uma vez, o setor financeiro não abriu mão da liderança. Parte desse bom desempenho também se deve à rodada bilionária de captação envolvendo o Nubank, que levantou 750 milhões de dólares no semestre. Na rodada mais recente, a fintech brasileira atraiu um dos principais fundos do mercado, a Berkshire Hathaway, holding do bilionário Warren Buffet, que investiu 550 milhões de dólares na empresa.
O relatório também destaca a rodada de investimentos recebidos pela fintech de pagamentos Ebanx. Em junho, a empresa captou 430 milhões de dólares da Advent International.
Fusões e aquisições
O relatório destaca um novo perfil para o mercado de fusões e aquisições no Brasil e mostra que as pequenas empresas também estão indo às compras. Mais da metade dos M&As do primeiro semestre de 2021 (54%) foram feitos entre startups ou por startups — no mesmo período do ano passado, o número era de 34,5%. “Isso mostra que isso não é uma estratégia limitada a grandes empresas”, diz Gierun.
Segundo o Distrito, a tendência segue um movimento natural, na medida em que startups recebem grandes volumes de capital e precisam recorrer a soluções externas para dar conta da velocidade de crescimento exigida, além de precisarem contratar novas equipes. A previsão do hub é que os acordos ultrapassem 250 até o final do ano.
No mês de junho, foram feitas 26 novas fusões e aquisições no mercado brasileiro. Entre os destaques está a compra do banco C6 pelo JPMorgan. O banco americano adquiriu 40% do brasileiro, mas o valor da transação não foi divulgado. O Distrito destaca também a compra do site brasileiro Elo7 pela empresa de e-commerce americana Etsy, dona de marketplaces de produtos artesanais. O acordo é de 217 milhões de dólares (cerca de 1 bilhão de reais).
Quase que de última hora, o hub também destaca um novo entrante na lista: a Gama Academy. Nesta quarta-feira, 7, a empresa anunciou a aquisição de mais de 55% de sua participação para a gigante de educação Ânima em um acordo de 34 bilhões de reais e que prevê assunção de controle total da startup em 2026.
Fonte: Revista Exame (https://exame.com/pme/startups-brasileiras-melhor-semestre-da-historia/)
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