Estudo realizado pela Globo mostra que 24% dos jovens das classes A, B e C já têm negócio próprio. População mais jovem busca independência financeira e autonomia no trabalho.
Num país com um mercado de trabalho fragilizado, uma parcela significativa dos jovens brasileiros já empreende ou espera ter o negócio próprio. E o que leva boa parte dos mais novos para esse caminho é o desejo de independência financeira para fugir do desemprego e autonomia no trabalho.
Um levantamento realizado pela Globo mostrou que 24% dos jovens das classes A, B e C com até 30 anos já são empreendedores e 60% querem ter um negócio próprio no futuro.
Entre os jovens que desejam empreender, os principais pontos levantados pela pesquisa foram:
- 67% querem ter um negócio para se tornar independentes financeiramente;
- 39% para ter mais autonomia e não ter chefe;
- 33% ter tempo mais flexível; e
- 31% querem oferecer um produto/serviço inovador no mercado.
O levantamento foi realizado de 2 a 5 de março. Foram entrevistadas 1,5 mil pessoas de 16 a 30 anos. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
De fato, os números do mercado de trabalho apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua mostram que os jovens são os mais castigados pela fraqueza da economia, o que ajuda a entender a necessidade desse grupo buscar uma atividade própria.
No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desocupação entre a população de 14 a 17 anos chegou a 46,3%; entre os de 18 a 24 anos, o desemprego foi de 31%; e, por fim, de 25 a 39 anos, ficou em 14,7%, mesma taxa observada no conjunto do país no período.
“Num momento como esse (de crise), o jovem passa por dificuldade porque a inserção dele no mercado de trabalho fica difícil”, afirma Cosmo Donato, economista da LCA. “As vagas de trabalho se tornam mais escassas, e ele (jovem) acaba perdendo justamente para aquele profissional com mais experiência e mais qualificado.”
Mais do que uma política econômica que ajude na criação de empregos, Cosmo diz que o país tem de criar um ambiente que incorpore esses novos empreendedores, sobretudo diante do quadro de mudança estrutural do emprego, em que as formas tradicionais de vínculos empregatícios estão deixando de existir ao redor do mundo.
“Hoje, o emprego com carteira de trabalho está cada vez mais restrito ao de altíssima qualificação”, afirma Cosmo. “Na questão do jovem, o maior desafio do Brasil é crescer para oferecer oportunidade, seja do ponto de vista de emprego ou mesmo via empreendedorismo.”
Empreendedorismo por necessidade dispara
Um mapeamento feito pelo Sebrae ajuda a dar a dimensão de como o empreendedorismo virou uma porta de saída para quem precisa de alguma renda.
No ano passado, o empreendedorismo por necessidade foi responsável por 53,9% dos negócios com até três meses de vida no país e voltou ao patamar de 2002. Na leitura anterior, feita em 2018, essa fatia era de 20,3%.
Esse movimento, segundo o Sebrae, tem sido puxado justamente por jovens, mulheres e população de baixa escolaridade.
Foto: Economia/G1
“A pandemia fez com que os desempregados procurassem alguma forma de sobrevivência. Não tinha emprego, mas essas pessoas procuraram trabalho”, afirma Carlos Melles, presidente do Sebrae. “E, assim, elas buscaram se tornar mais micro e pequenos empreendedores e também empreendedor individual.”
Entre janeiro e abril, 1 milhão de pequenas e micro empresas foram abertas no Brasil.
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