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Franquias: Estudo mostra cidades do interior com potencial para abertura de negócios

Capitais lideram potencial de consumo, mas cidades menores também apresentam oportunidades – inclusive, para quem quer começar uma franquia. Dados foram elaborados pela consultoria Goakira e adiantados com exclusividade a PEGN

A escolha da cidade para iniciar um negócio é um fator crucial para quem pensa em ter uma unidade de franquia. O município de residência do empreendedor pode ser a opção óbvia, mas, se alguns fatores forem analisados, uma estratégia diferente pode ser mais promissora. Um estudo elaborado pela consultoria especializada em franchising Goakira e antecipado a Pequenas Empresas & Grandes Negócios mostra que cidades pouco óbvias também têm potencial para receber unidades franqueadas.

O estudo considerou o potencial de consumo total de cada um dos 5.570 municípios brasileiros, com base no IPC Maps, elaborado pela IPC Marketing Editora. Também foram levadas em conta métricas como o Índice de Desenvolvimento Humano e o crescimento da renda média.

Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia formam o top 10 geral, mas, quando se faz uma análise por região, cidades menores, com pouco mais de 200 mil habitantes, despontam. (veja mais detalhes no final da reportagem)

No Sudeste, por exemplo, municípios como Campinas, Guarulhos, Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo, São José dos Campos e Santo André, em São Paulo, e São Gonçalo, no Rio de Janeiro, dividem espaço com as principais capitais. Veja a listagem completa no final do texto.

“O potencial de consumo das capitais é inegavelmente maior, mas também há mais concorrência. Uma hamburgueria em São Paulo não tem o mesmo impacto que em uma cidade do interior”, afirma Deborah Machado, sócia da Goakira.

De acordo com ela, marcas novas têm mais desafios para se estabelecer em cidades grandes e já bem povoadas com franquias. Dessa forma, considerar outros municípios no entorno pode ser uma boa estratégia para iniciar a expansão pelas “bordas” e chegar às capitais com um nome já conhecido.

“Em algumas cidades, o grau de diferenciação necessário é muito baixo. Às vezes, é só ter um ar-condicionado na loja que já ganha a preferência do consumidor local. Uma franquia que consegue se adequar a vários pequenos diferenciais chega mais preparada a um mercado mais maduro”, afirma Machado.

Essa foi a estratégia adotada pelo empreendedor Bruno Zanetti ao lançar a rede de alimentação Mordidela, em 2015. A primeira unidade foi instalada em São José do Rio Preto, no interior paulista, e buscou um crescimento regional, nas cidades próximas. Para abastecer as unidades, Zanetti abriu uma fábrica na região. Dois anos depois, com 20 unidades em funcionamento e o negócio já mais maduro, ele abriu a primeira franquia na cidade de São Paulo.

“Chegamos à capital já conhecidos pelas unidades que tínhamos no interior. Isso ajudou a apresentar o negócio para os empreendedores locais e a inovar no modelo, de acordo com a demanda.” Ele diz que a unidade da capital foi a primeira a ter um serviço de delivery desenvolvido, ainda em 2017, que depois se tornou referência para as outras lojas. “O mercado de alimentação fora do lar nas capitais também é muito maior do que no interior. A unidade de lá depois nos ajudou a trazer aprimoramentos para a rede em cidades menores.”

Zanetti traçou essa estratégia de expansão com base em sua experiência anterior, como presidente da iGUi Piscinas, uma das redes de franquias com o maior número de unidades internacionais. O empreendedor conta que a expansão da Mordidela seguiu estratégia parecida, com crescimento em espiral e em cidades próximas à sede da franqueadora.

Hoje, a rede fundada por Zanetti tem 60 unidades, sendo 20 em capitais, e quer abrir mais 24 até o final do ano. A marca faz parte do Grupo ZNTT, fundado pelo empreendedor no início do ano passado, e que é sócio de sete redes: Bem Seguros e Crédito, TFlow, Vida Leve, Respeita Minha História, Saka e LessTax, além da própria Mordidela. O grupo faturou R$ 150 milhões em 2020.

Em 2020, SP concentrava quase 70% das franquias do país

Segundo o último dado divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), antes da pandemia, cerca de 45% das cidades brasileiras ainda não tinham unidades franqueadas instaladas. Um estudo divulgado pela entidade no final de 2019 já mostrava uma tendência de crescimento proporcional de unidades franqueadas em cidades menores, com Cuiabá (MT), Santo André (SP) e Sorocaba (SP) na liderança. Desde o início da pandemia, nenhum novo dado sobre municípios foi divulgado.

Um estudo mais recente da entidade, que separa a capilaridade das 50 maiores franqueadoras do país por estados, mostrou que São Paulo concentrava 69% das unidades do país em 2020. Em seguida vinham Paraná e Rio de Janeiro, empatados com 12%. 

A especialista da Goakira diz que a escala para o interior ainda é um desafio para as franqueadoras nacionais por diversas razões, que vão de logística a questões tributárias. “Se houver venda de produto da franqueadora para o franqueado, dependendo do ICMS cobrando na cidade, pode não ser viável. Isso restringe o potencial de expansão das franqueadoras.”

Machado afirma que o empreendedor deve conhecer o próprio serviço ou produto, e o público-alvo a quem se destina, antes de tomar a decisão de abertura de loja ou expansão. “Se for algo muito voltado para metrópoles, talvez seja melhor começar mesmo por cidades maiores.”

Confira as análises detalhadas por região:

O potencial de consumo total do país é de R$ 4 trilhões, segundo o IPC Maps. O percentual de concentração desse montante por município pode ser conferido ao lado do nome da cidade na listagem abaixo, entre parênteses.

Machado diz que outros elementos devem ser levados em consideração, como a evolução populacional e de renda dos habitantes de cada região entre 2010 e 2019. No Nordeste, por exemplo, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Maceió (AL) foram as únicas cidades do ranking que apresentaram variação positiva na renda no período analisado.

Sudeste

1 – São Paulo (8,26%)

2 – Rio de Janeiro (4,48%)

3 – Belo Horizonte (1,91%)

4 – Campinas (0,77%)

5 – Guarulhos (0,74%)

6 – São Gonçalo (0,63%)

7 – Ribeirão Preto (0,62%)

8 – São Bernardo do Campo (0,57%)

9 – São José dos Campos (0,55%)

10 – Santo André (0,52%)

Centro-Oeste

1 – Brasília (1,82%)

2 – Goiânia (0,97%)

3 – Campo Grande (0,55%)

4 – Cuiabá (0,37%)

5 – Aparecida de Goiânia (0,30%)

6 – Anápolis (0,22%)

7 – Várzea Grande (0,15%)

8 – Rondonópolis (0,13%)

9 – Rio Verde (0,12%)

10 – Dourados (0,12%)

Nordeste

1 – Salvador (1,75%)

2 – Fortaleza (1,31%)

3 – Recife (0,91%)

4 – Maceió (0,56%)

5 – Natal (0,47%)

6 – São Luis (0,46%)

7 – João Pessoa (0.42%)

8 – Teresina (0,37%)

9 – Aracaju (0.36%)

10 – Jaboatão dos Guararapes (0,30%)

Sul

1 – Curitiba (1,44%)

2 – Porto Alegre (1,10%)

3 – Joinville (0,49%)

4 – Caxias do Sul (0,42%)

5 – Florianópolis (0,39%)

6 – Londrina (0,37%)

7 – Maringá (0,36%)

8 – Blumenau (0,30%)

9 – São José (0,22%)

10 – Canoas (0,21%)

Norte

1 – Manaus (1,02%)

2 – Belém (0,76%)

3 – Porto Velho (0,28%)

4 – Macapá (0,23%)

5 – Ananindeua (0,22%)

6 – Boa Vista (0,20%)

7 – Rio Branco (0,19%)

8 – Palmas (0,18%)

9 – Paraupebas (0,10%)

10 – Santarém (0,09%)

Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (https://revistapegn.globo.com/Franquias/noticia/2021/07/franquias-estudo-mostra-cidades-do-interior-com-potencial-para-abertura-de-negocios.html)

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